quinta-feira, 12 de agosto de 2010

FREUD E A ETERNIDADE

Boa tarde psicopovo! Mais um artigo do mestre Dorin, professor muito conhecido e muito querido em Jundiaí.



FREUD E A ETERNIDADE

Lannoy Dorin*

Por que Freud foi, é e sempre será uma figura de primeira grandeza no cenário científico do ocidente?

Primeiramente, ele deu a palavra ao cliente. Até então, as relações médico-paciente eram sempre em termos de status, de posicionamento. Quer dizer, o médico tinha o status de quem sabia tudo e o cliente de quem apenas devia ouvir e seguir as instruções recebidas. Ao dar ao cliente o direito de falar e desabafar, Freud descobriu que a simples exteriorização de idéias e emoções já fazia baixar a ansiedade, a angústia, a aflição opressora.

O segundo mérito de Freud foi o de revelar que os clientes com transtorno de ansiedade, quando hipnotizados, continuavam fugindo da verdade e representando papéis que inventaram para se ajustar inadequadamente ao mundo. Ao hipnotizar seus pacientes, Freud viu que estava reforçando o comportamento infantil (neurótico) deles. Então ele forçava o analisando a encarar a verdade, o que de fato gerava seu comportamento inadequado e suas fantasias. Ele objetivava tornar consciente o que até então era inconsciente.

Outro mérito de Freud foi o de mostrar os mecanismos, os hábitos utilizados pelas pessoas para inconscientemente superarem as barreiras que as frustram. Frustradas ou em conflito (que também frustra), os indivíduos sentem o desprazer da ansiedade e empregam meios (os mecanismos) que servem de defesa contra esse estado desagradável. A quantidade de mecanismos e o grau no emprego de cada um nos indica o nível de desajustamento da pessoa.

Finalmente, coube a Freud ter resgatado o valor do sonho, essa linguagem esquecida, como diz Erick Fromm. Ele viu o sonho como a saída da mente para exteriorizar as experiências reprimidas. De forma que o analista, ao interpretar a simbologia do sonho, pode desvendar o que as imagens (com forte carga afetiva) querem transmitir.

Freud via três tipos básicos de sonhos: 1- de satisfação de desejos, tão comuns na infância ( id ); 2- de ansiedade, em que o ego onírico se vê em conflito, pois deseja e se vê bloqueado; 3- e de autopunição, com o superego, a consciência moral condenando o ego.

Críticos de Freud acrescentaram outras interpretações aos seus achados (por exemplo, complexo de Édipo) e novos dados para a explicação dos sonhos dos desajustes da personalidade, etc, mas nenhum deles (Jung é um exemplo) deixou de reconhecer o papel que Freud desempenhou como psicólogo dos subterrâneos da mente humana.

Numa época em que os psiquiatras afirmavam que o organismo era o maior responsável pelos transtornos mentais, Freud, defendeu a tese de que em grande parte é a mente que transtorna o organismo. Ele é, portanto, o “pai” da psicossomática no mundo ocidental e, pela introdução do inconsciente na Psicologia, até então voltada de um lado ao estudo da mente consciente e de outro do comportamento observável, um dos pioneiros dessa ciência.


*Lannoy Dorin é mestre em psicologia, professor, jornalista e autor de diversos livros.

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